O ninho
Da montanha alterosa entre os verdores
Pendura-se a coisinha alva de neve
onde iremos, querida, muito breve,
aninhar nossos líricos amores.
Ali, de nossa vida a essência leve
iremos a entornar por entre as flores,
até que deste pélago de dores
um dia a asa da Morte nos eleve.
Então, juntos ainda, partiremos
como um casal de pombos arrulhantes
para o pombal azul que a Lua encerra ...
E de lá, meu amor, contemplaremos,
com saudade, talvez, o ninho d’antes
que ficará vazio sobre a Terra ...