O Sal do Mar
Acho que o mar salgou
De tanto sangue que lhe desceu.
Tanta maldade lhe afogou
Que só em lágrimas ele se verteu.
Esse sal veio da cor preta do meu povo,
Do suor exaustivo da morte outorgada.
Sabor que desenhou esse mundo novo
Que se encharcou nessa terra inventada.
Acho que o mar se salgou
Pela morte de cada rei e rainha.
De cada gente que amargou
A dor nossa, a dor sua, a dor minha.
Tudo que lhe trouxe esse sabor
É inatural, é inumano, é desamor.