VOLÚVEL

VOLÚVEL

O que queria tanto já não quero,

Agora qu’eu o tenho em minhas mãos.

Satisfeito o desejo, dias vãos…

Cujo tédio das horas mal tolero!

Eu vou d’ansiedade ao desespero

Buscar outros quereres, mesmo in-sãos.

Enquanto na ampulheta caem os grãos,

Entrego-me aos delírios do exagero.

— “Talvez sim; talvez não…” — eu me respondo

Em face das verdades que eu escondo

Por trás de mais e mais extravagâncias.

Mas, todo esse viver irreflectido,

Quer que a carência à vida dê sentido:

É entre mim e minhas circunstâncias.

Belo Horizonte - 15 07 2023