SOBRE A ALCOVA
SOBRE A ALCOVA
Ainda em meio ao banho, por espelhos,
Te observava os reflexos do azulejo.
Desnuda-se a beleza n’um lampejo:
Curvas d’ombros, seios, nádegas, joelhos...
Mas, se paixões prescindem de conselhos,
Baldo é ditar razões contra o desejo…!
Ao toque de meus dedos, suave arpejo,
Deixaste nossos corpos já parelhos.
Logo não serei mais do que a loucura
De, ávido, m’embriagar da formosura
De tuas nuas curvas femininas.
Após, abandonado sobre a alcova,
Com teus olhos nos meus eu me comova,
Retendo o teu prazer pelas retinas.
Belo Horizonte – 02 02 1992