Borrão
Em algum momento, desviverei somente
serei poeira, lançada fria ao esquecimento
esquecida de soltar por aqui uma semente
que germine vívida em qualquer momento.
Sem entender o que acontece no mundo
em breve nem notarão que estou ausente
e o que foi um descontentamento profundo
se tornará tão-só um borrão no inconsciente.
Todavia, ainda serei pretexto de uma saudade
pelas extremidades e cantos de alguma cidade
que alguém há de cantar esse canto, tristemente.
Solidão ou algo parecido, que ninguém suporte
um dilúvio de palavras tentando mudar minha sorte
e o que sempre soube, tudo é nada, morri somente.