Borrão

Em algum momento, desviverei somente

serei poeira, lançada fria ao esquecimento

esquecida de soltar por aqui uma semente

que germine vívida em qualquer momento.

Sem entender o que acontece no mundo

em breve nem notarão que estou ausente

e o que foi um descontentamento profundo

se tornará tão-só um borrão no inconsciente.

Todavia, ainda serei pretexto de uma saudade

pelas extremidades e cantos de alguma cidade

que alguém há de cantar esse canto, tristemente.

Solidão ou algo parecido, que ninguém suporte

um dilúvio de palavras tentando mudar minha sorte

e o que sempre soube, tudo é nada, morri somente.

Samira Vilaça Araújo
Enviado por Samira Vilaça Araújo em 14/07/2023
Código do texto: T7837060
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