Distopia

O caos impera acima da Constituição

Em ilícitos desalinhos de vida opressa

Que desafia as leis feridas e incertas

Distorcidas pelo poder em contramão

Por todos os lados, soberba e ambição

A justa cegueira já não se manifesta

Diante das instáveis e falsas promessas

Fugidas de uma ética em dura abolição

Não há direito, nem deveres ou liberdade

Só existe o medo e a fruição sem pactos

No hostil reinado da impune inverdade

São acobertados os repugnantes fatos

Em uma injustiça de irresponsabilidade

Tão incapaz de conter desumanos atos

O soneto aborda um cenário fictício que propõe levar à reflexão acerca de uma realidade destituída de normas e de regulamentação, induzindo o leitor a compreender subjetivamente a importância do Direito para o bom funcionamento da sociedade. Trata-se, portanto, de um cenário distópico, que busca transmitir os obstáculos da vida humana frente à inexistência das estruturas jurídicas que garantam o bem-estar dos indivíduos e lhes assegure o acesso à justiça. Nos parâmetros de hoje, é impensável uma coletividade sem um ente que ordene as condutas e as relações. Portanto, o poema atenta para os desafios e a inconsistência de um mundo sem leis, de modo intencionalmente crítico e provocativo.

Poema publicado na edição comemorativa da revista do curso de Direito da UFSC, Revista Avant (v.7, n.1)

Isadora Welzel
Enviado por Isadora Welzel em 11/07/2023
Código do texto: T7834742
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