Harmonia

Tenho em mim matas impenetráveis,

Abismos de terror e campos de doçura,

Perdões e sentenças, doença e cura

Competem em jogos intermináveis.

Se mal faço a uma pobre criatura,

Durmo o sono calmo dos imperdoáveis.

O peito não condói-se diante lamentáveis

Súplicas direcionadas à face dura.

Mas quão belo e virtuoso é o perdão!

Mesmo contra o maior dos pecados

Sou capaz de esquecer a pior traição!

Esvai-se em mim rapidamente a ira...

Não há predominância de um dos lados,

Mas a eterna tensão entre o arco e a lira.

27/04/23

Felipe Barroso
Enviado por Felipe Barroso em 11/07/2023
Código do texto: T7834370
Classificação de conteúdo: seguro