TRILHA DE SONETOS CVIII- DIÁLOGO COM VINÍCIUS DE MORAES

🎵🎶*SAMBA EM PRELÚDIO*🎵🎶

(Vinícius de Moraes)

Eu sem você não tenho porquê

Porque sem você não sei nem chorar

Sou chama sem luz, jardim sem luar

Luar sem amor, amor sem se dar

E eu sem você sou só desamor

Um barco sem mar, um campo sem flor

Tristeza que vai, tristeza que vem

Sem você meu amor eu não sou ninguém

Ah! que saudade

Que vontade de ver renascer nossas vidas

Volta, querida

Teus abraços precisam dos meus

Os meus braços precisam dos teus

Estou tão sozinha

Tenho os olhos cansados de olhar para o além

Vem ver a vida

Sem você meu amor eu não sou ninguém

Eu sem você não tenho porquê

Porque sem você não sei nem chorar (vontade de ver renascer nossas vidas)

Sou chama sem luz, jardim sem luar (volta, querida)

(Teus abraços precisam dos meus) Luar sem amor

(Os meus braços precisam dos teus) Amor sem se dar

E eu sem você sou só desamor

(Tenho os olhos cansados de olhar para o além) Um barco sem mar, um campo sem flor

(Vem ver a vida) Tristeza que vai, tristeza que vem

Sem você meu amor eu não sou ninguém

Sem você meu amor eu não sou ninguém

Sem você meu amor eu não sou ninguém...

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*TRISTE PARTIDA…*

Você partiu, levando a cor do dia…

O tempo, enegrecido, tece o breu

a sombrear desejos, e a apatia

apaga o antigo brilho que era meu.

Você partiu, levando a melodia

que decretamos ser um apogeu

de nossa interação e sincronia,

que, agora, no passado, se perdeu…

Você partiu, levando o elã das rosas,

que pendem, quase mortas, pesarosas,

sem sombra do que foram no buquê…

Você partiu, partindo o coração

que tanto implora, em busca de um perdão

que nem sequer deduz qual o porquê!

Elvira Drummond

*SAMBA DO CORAÇÃO PARTIDO*

Ó dor de amor que, em lágrimas pisadas,

Prolonga-se no peito ardente e arfante,

Na imagem de uma pomba agonizante,

Sofrendo agitadíssimas pancadas!

Ó coração das dores acordadas

Que, em prantos, sente no abandono amante

A perdição de um sonho emocionante,

Após o terremoto nas estradas!

Pois na canção, a tal melancolia

Transforma-se na pura poesia,

Sofrendo o fim na fonte da saudade

De quem se lembra dos momentos ternos,

- Fatias de pretéritos eternos! -,

No samba que ganhou a eternidade!

Ricardo Camacho

*TUA AUSÊNCIA*

Em tua ausência morrem as estrelas

e apagam-se os encantos do luar.

A noite chora, em sede de acendê-las,

mas eu, sem teu amor, nem sei chorar.

Em tua ausência morro e vago pelas

bordas do tempo, falto de lugar.

Vivo de antigas horas e retê-las

é um desejo insano e singular.

Trago no olhar cansaço e desvalia,

uma tristeza tal, demais sombria,

pois são monumentais os vãos do além.

São longas as distâncias da saudade

e, ainda que eu conheça a eternidade,

sem teu amor jamais serei alguém!

Geisa Alves

*SÚPLICA*

Perdido, em abissal melancolia,

Imploro o teu retorno aos braços meus...

Cansado de purgar o triste adeus,

Espero o teu perdão com empatia.

Vivemos, lado a lado, em sintonia...

Juntos, gozamos vários himeneus.

Não tem sentido por a culpa em Deus

Se o desencanto nos separaria.

Volta querida! Almejo apreciar

O céu, de outrora, estrelas e o luar:

Virtude ausente após separação...

Cuidemos de aluir o desamor,

Pois nossos corpos rogam, com ardor,

A volta dos ensejos da paixão.

José Rodrigues Filho

*SEM PRUMO E SEM RUMO*

Quando você se foi, perdi o prumo,

enlouqueci e provoquei loucuras,

lembrando os nossos sonhos, nossas juras...

Fiquei sem ar, humildemente, assumo!

Quando você se foi, aqui resumo:

um tórrido vazio encheu de agruras

meu coração e o amor sofreu rasuras...

Confesso, desabei... perdi o rumo.

Sem ti, a luz da aurora vira sombra,

a noite sem luar, no breu, me assombra

e enxergo só a dor que não se vê...

Soluço, pelos sonhos sucumbidos,

tateio, procurando em meus sentidos,

a causa do abandono, algum porquê!

Aila Brito

*BUSCA*

Se não me vens a vida em mim se abruma,

Mergulha em tenebroso e infindo abismo,

Aflita te procuro e logo cismo

Que não te encontrarei em parte alguma.

Sem ti qualquer lembrança se avoluma,

Explode em meu agônico mutismo,

Silente, em meu sofrer me embrenho e abismo

Na busca de acalanto, amor, em suma.

Sem ti me torno sombra que se arrasta

Em tal tristeza tão imensa e vasta

que aos poucos me transformo em noite fria.

Sem ti percebo tão vazio o mundo...

Sou nau sem rumo certo e logo afundo

No pélago da dor e da agonia.

Edir Pina de Barros

*MINHA CULPA*

As ilusões morreram, que tristeza!

Não haverá retorno, que maldade!

Teus doces beijos... deles só saudade...

Tampouco a tão sutil delicadeza.

E como dói viver, sem liberdade,

Envolto na ruína da aspereza,

Na lama, no covil, sem realeza,

Um morto vivo sem qualquer vaidade.

Assim estou por não poder manter-te

Nas curvas dos meus braços e conter-te:

Tu que clareias todo meu caminho.

Restando as trevas e uma dor imensa...

Perder-te foi a triste recompensa...

Foi tudo minha culpa, fui mesquinho.

Douglas Alfonso

*EU SEM VOCÊ*

Aquele abraço que antes me envolveu,

Hoje procura afagos e não vê,

A vida sem você não tem porquê,

Até a doce lua se escondeu.

Eu sem você... Eu não serei mais eu,

Pois só estou inteiro com você,

Sozinho não serei jamais buquê,

Meu mundo se tornou eterno breu.

Eu sem você me resta só metade,

Meu barco não navega, sou refém,

Pois preso em meio às pedras da saudade.

Procuro, em vão, seus olhos mar-além,

Só neles eu encontro a liberdade,

Amor, eu sem você não sou ninguém!

Luciano Dídimo

*VOCÊ SE FOI...*

Você se foi sem me dizer adeus,

prendendo- me nas garras da tristeza,

imersa em dor, na bruma da incerteza,

a recordar o ardor dos braços seus.

Você se foi... e agora os sonhos meus

perderam todo o gozo da beleza;

sem seu amor me falta a fortaleza...

Mas busco o agasalhar nas mãos de Deus!

Encontro-me sozinha, sem calor,

no frio, procurando o seu amor,

mas tudo se transforma num vazio...

Retorna, amor, devolve a minha vida

Volta ao jardim da sua margarida

que está morrendo sob o tempo frio!

Aila Brito

*RASTRO DE AMARGURA*

Vagueio sobre as cinzas de um castelo

que conheceu, do amor, a intemperança

e quanto mais divago, mais flagelo

o sonhador que em mágoa e fel se lança.

A lua, solidária neste anelo,

abraça o pranto, escorre e, na lembrança,

fulgura quando, lânguido, revelo

aquele rosto, a imagem me balança...

Um rastro de amargura suplicia

o coração carente da alegria

de ter afagos tantos e agasalho.

Agora, o desamparo me acompanha,

a solidão no quarto é bruta, estranha,

portanto, do clamor febril me valho...

Jerson Brito