CUIDADO COM A CANDINHA
Vezes é bom ficar só de butuca,
Num banco de praça onde a vida corre,
Como se um bêbado curando um porre,
Fingindo de morta, alerta a cuca.
A imagem duma velha caduca,
Que o caminho do silêncio percorre,
Uma surdez que ainda concorre
Com a impressão de que seja maluca.
Mas ao invés escuta muito bem,
Embora não revele a ninguém
E usa sabiamente este segredo.
A vida de uns conhece de cor,
Ninguém reage, o medo é maior.
Se levanta a voz, tremem de medo.