Insubmisso
(Sonetos 002)
"Ando muito completo de vazios,"
tal qual o mundo antes das fronteiras,
ou de se inventarem eiras e beiras,
ou da cisão de cristãos e gentios.
Tão leve e solto feito os assovios,
um cão largado, livre das coleiras,
feito ave que fugiu das capoeiras,
terreno agreste e sem senhorios.
Por estar assim, "sem eternidades",
finito e limitado pelos tempos,
composto e pleno de efemeridades,
é que aproveito cada vão momento.
Sem temor algum ante às tempestades
vou à deriva, onde me leva o vento.
Efepê Efe Oliveira
27/11/22 - 06h31'
Conceição do Mato Dentro (MG)
Obs: Soneto dialogando com o poema "Os Deslimites da Palavra" de Manoel de Barros.
Imargem: Arquivo Pessoal do Autor.