TRILHA DE SONETOS CVII- DIÁLOGO COM CHICO BUARQUE

🎵🎶*EU TE AMO*🎵🎶

(CHICO BUARQUE)

Ah, se já perdemos a noção da hora

Se juntos já jogamos tudo fora

Me conta agora como hei de partir

Ah, se ao te conhecer

Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios

Rompi com o mundo, queimei meus navios

Me diz pra onde é que 'inda posso ir

Se nós nas travessuras das noites eternas

Já confundimos tanto as nossas pernas

Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão

Se na bagunça do teu coração

Meu sangue errou de veia e se perdeu

Como, se na desordem do armário embutido

Meu paletó enlaça o teu vestido

E o meu sapato 'inda pisa no teu

Como, se nos amamos feito dois pagãos

Teus seios 'inda estão nas minhas mãos

Me explica com que cara eu vou sair

Não, acho que estás te fazendo de tonta

Te dei meus olhos pra tomares conta

Agora conta como hei de partir

Ah, se já perdemos a noção da hora

Se juntos já jogamos tudo fora

Me conta agora como hei de partir

Se ao te conhecer

Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios

Rompi com o mundo, queimei meus navios

Me diz pra onde é que 'inda posso ir

Se nós nas travessuras das noites eternas

Já confundimos tanto as nossas pernas

Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão

Se na bagunça do teu coração

Meu sangue errou de veia e se perdeu

Como, se na desordem do armário embutido

Teu paletó enlaça o teu vestido

E o teu sapato 'inda pisa no meu

Como, se nos amamos feito dois pagãos

Teus seios 'inda estão nas minhas (tuas) mãos

Me explica com que cara eu vou sair

Não, acho que estás só fazendo de conta (conta)

Te dei meus olhos (olhos) pra tomares conta (conta)

Agora conta como hei de partir (partir, partir)

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*COMO PARTIR?*

Como partir? Estás em mim inteiro,

se nos teus braços fico louca, louca

e se, por ti, meu coração treslouca,

se teu perfume está no travesseiro...

Como partir, se a vida ainda é pouca

para te amar? Tu és meu companheiro,

se estás em minha tez, acaso a cheiro

e, enfim, sem ti, a vida em mim se apouca.

Como partir, se sinto os beijos teus

em minha nuca, pés, cabelos meus,

e do meu corpo exala o teu olor.

Pergunto agora como vou partir

se estás em mim de zênite a nadir,

sem ti me perco e morro-me de amor.

Edir Pina de Barros

*IMORTAL*

Aquece e abrasa, o Amor, vulcão sublime

Que verte a chama, a luz, cobrindo tudo;

Eterno e encantador, de efeito mudo,

Que ampara o ser e que, também, redime.

Expulsa o mal no eflúvio que comprime,

Transforma o amargo em doce conteúdo;

Divina essência, manto de veludo

Que afaga o ser e que jamais o oprime.

Imersos na magia, além da dor,

Nas asas da volúpia, sem final,

Fenômeno da lua, o sol e a cor

Misturam o ideal com o real...

Um símbolo potente, um fato, o Amor

Eternamente em cântico imortal!

Ricardo Camacho

*O NOSSO AMOR*

O nosso amor surgiu, devagarinho,

feito o desabrochar da tez da aurora...

cingiu-me em sua luz, porém, agora,

turvou-me o dia sem o seu carinho.

Perdemos a noção do tempo e, embora

o amor ainda exista, o desalinho

reflete a solidão em nosso ninho...

a nossa sorte foi jogada fora!

Nosso querer _ um palco iluminado _

à sombra da ribalta foi jogado...

Mas sinto ainda a voz do amor fremir

e o meu olhar sedento do desejo

do seu olhar no meu... ah, como almejo!

Pergunto: como poderei partir?

Aila Brito

*NOITES DE ESTRELAS*

Como partir e não desfalecer

ante às memórias tórridas e ternas?

No leito confundimos sonhos, pernas,

nas bocas comungamos o prazer.

Como partir? Ensina-me o poder

e a placidez da ausência em que te hibernas.

Minhas lembranças são demais eternas,

não posso e não desejo te esquecer.

As nossas noites foram noites cheias

de amor, de desvarios, de ais andejos,

de beijos, de desordens e de estrelas.

Se nelas misturamos nossas veias,

almas e peles, corpos e desejos,

dize-me, amor, o meio de esquecê-las!

Geisa Alves

*SAUDOSO AMOR*

O ardor da escuridão ganhou volume,

pois não esqueço aquela despedida,

que arrebatou você da minha vida,

e aprofundou em mim o seu perfume!

De noite, não existe o que me aprume,

pois nunca durmo, fico sem saída,

não sinto as suas mãos em mim, querida...

quero de volta o que era de costume!

O céu do amanhecer perdeu a vez,

porque somente penso em sua tez

e, se prossigo assim, avanço em breu...

Somos um só, entenda, por favor,

é impossível dividir o amor:

dentro do meu olhar está o seu!

Janete Sales Dany

*AINDA…*

Ainda restam cinzas, no cinzeiro…

presença dissipada na fumaça

que a brisa traz de volta o tempo inteiro,

e o coração, afoito, vê e abraça.

Ainda restam rosas, no canteiro,

que suas mãos plantaram… quanta graça!

Teriam semeado, em cativeiro,

recordações que afloram por pirraça?!

Ainda está comigo o seu perfume,

a mesa para dois virou costume

e a música desperta o desvario…

Seu terno abraça o meu, lá no cabide

(o espaço que era nosso, quem divide?)

Meu coração é cheio de vazio…

Elvira Drummond

*BUMERANGUE*

Os muitos desencontros são sinais

Que a nossa parceria está fendida...

Perdemos o controle da partida

Decidiremos tudo nos penais.

Porém dos devaneios sensuais

Ressurge a gana, nunca adormecida,

Na forma da libido, ensandecida,

Que dá encanto à vida dos casais.

Reflito na intenção de por um fim

No bumerangue desse amor assim,

Mas não vislumbro de onde possa vir

Um, outro, amor igual, despudorado,

Que me mantenha vivo e apaixonado

Então! Por que cismar em desistir?

José Rodrigues Filho

*SEM TI...*

Sorvi do teu olhar a luz ridente

iluminando o meu olhar brejeiro...

até que um dia só restou o cheiro;

ao chão esparramou-se, de repente!

Expresso agora o meu olhar carente,

saudoso desse jeito aventureiro,

das vestes espalhadas no terreiro

e os planos que fizemos, simplesmente!

Agora o que farei da minha vida?

Sem ti, a direção está perdida

_ sou nau sem rumo, ao vento, ao deus-dará! _

"Meu sangue errou de veia e se perdeu"...

Quem sabe ao circular juntinho ao teu,

o nosso amor jamais se perderá?!

Aila Brito

*ENCLAUSURADOS*

Levado à plenitude, experimento

a fúria de um desejo primitivo

e, ao libertar o amante transgressivo,

exploro abrasador alumbramento.

Encontro na euforia que revivo

transporte para aquele firmamento

repleto de brandura, o lenimento

do ardume que me deixa convulsivo.

Maravilhado neste mundo, afasto

o sôfrego compasso dos ponteiros

e tudo o mais que exista além daqui.

O sentimento emerge, doce e vasto,

para trazer aos olhos mensageiros

a luz que me enclausura junto a ti.

Jerson Brito