O PINCEL
A noite traz a sombra da amargura
e logo o desespero vocifera
porque reviro escombros da quimera
esfrangalhada numa desventura.
Furtiva, a angústia chega mais severa,
golpeia sem piedade e a sangradura
transforma meu semblante, desfigura
as expressões envoltas nesta espera.
Casmurro e preso às cores da paleta
acinzentada pelo tempo rude,
divago no aflitivo carrossel.
Aos poucos, vejo a tímida faceta
que mostra o quanto existe de virtude
ainda no mirífico pincel...