Não investigues meu olhar
Não investigues meu olhar, não investigues.
Em meu coração há um rebanho de tigres
Sórdidos e famintos e inescrupulosos;
E se não quiserdes sofrer como os leprosos
Fuja pra longe de mim e busque um abrigo!
Vês meu peito aberto? Não é sangue o que irrigo;
É veneno, ou alguma coisa tóxica; é lama!
Que encheu todo meu corpo e agora se derrama;
Escorre em meus dedos, escorre em minha língua…
Foi numa noite quieta, essa noite persigo-a
Buscando reaver o que nela foi perdido…
Mas nela perdi tudo… Meu olhar caído
Foi o que restou como signo de minh’alma,
Então não o fites pra não sofrer meus traumas.