OUTONAL
Já fui calor e frio de um deserto.
Já naufraguei em noite torrencial.
A sós atravessei o temporal
sem ter, nas intempéries, rumo certo.
A vida transladou... fez-se outonal...
corri de novo os campos, peito aberto...
maduros frutos, olhos que liberto
não chovem como outrora, que afinal...
embora o coração mais seco, triste,
mais lúcida estação eu própria invento
no encalço de uma luz que pulsa, insiste...
Na tarde descorada, sou falena.
Mas leve feito solta folha ao vento,
minha alma fustigada se asserena.