NÃO DIGO
Já disse que te adoro, amo, detesto...
que fiques, vás embora, pra voltares;
bradei sorrisos, choros pelos ares;
silenciei no instante imanifesto...
Já supliquei, mandei, proibi me amares...
fui medo, sonho, tudo... já fui resto!
urgente a ti gritei, vieste presto...
cantamos juntos notas singulares!
Com lágrimas, bani de mim: te odeio!
a dor que brada a emudecer-me o seio,
a doce flauta e atroz dos versos meus...
Porque surda esta voz, e tão sincero
o meu desejo em te dizer não quero
o teu silêncio em mim, não digo adeus.
Luciana Nobre