COF COF POESIA

(Interação ao soneto TOSSE PRODUTIVA, do poeta

Herculano Alencar)

Cof, cof, cof, que abre o cofre da poesia.

E é desnecessário o expectorante,

Pois o poeta ao tossir assim, noite e dia,

Vai continuar firme, forte e operante.

Deixa cair joias de ourivesaria,

A cada vez que o peito, embora arfante,

Suga o ar por um instante e explode e chia,

E um verso espirra, coeso, forte e vibrante.

Se você acha que meu verso é esquisito,

Tem quem o ache normal e até bonito,

Pelo que tem de chocante e diferente.

Já ouvi dizer que poesia é como chita,

Cada um julga como vê por sua lente.

Uns acham ruim e feia, outros excelente.

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TOSSE PRODUTIVA

A poesia tosse no meu peito

Tal como um enfisema pulmonar.

E tosse, e tosse, e tosse sem parar,

Como se só de tosse eu fosse feito.

A tosse vem em ondas, feito o mar,

E some feito espumas na areia.

E leva e traz de volta a dor alheia,

E faz a dor tossir noutro lugar.

Hoje não tusso mais como tossia,

Mas ainda expectoro a poesia

Que vem, de vez em quando, duma vez...

A tosse do poeta, na verdade,

É um suspiro alegre da vontade

De por pra fora o verso que ele fez.

Herculano de Alencar

Jota Garcia
Enviado por Jota Garcia em 13/06/2023
Reeditado em 13/06/2023
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