Sou muito e não sou nada
Rodam sem parar as pás deste Moinho
O remorso depende do fracasso
Quem me dera caber naquele abraço
Quem me dera não magoar e ser sozinho
E se te disserem que eu sou mesquinho
Não duvide, não dê o primeiro passo
Tantas vezes que cometi o erro crasso
e que o meu vento causou o redemoinho
Essa tez confessional não é cinismo
Nem culpa, garbosamente ostentada
Quiça o tom amargo do meu pessimismo
Sim, senhores, sou muito e não sou nada
Lúcido, vislumbro-me com realismo
Habita em mim uma alma desapontada