Sobre a gafe de um corretor automático
Sobre a gafe de um corretor automático
Autor: Tony R. de M. Rodrigues
São José, SC, 10/6/2023 - 8h59.
(I)
O corretor automático do meu celular
não sabe o que há de ser misofonia,
pois põe, em seu lugar, misoginia
por mais que eu tente o certo digitar.
Por isso é que a todos venho confessar
que sou, desde criança, triste misófono,
mas isso, em linguajar lusófono
é muito simples e tranquilo de explicar.
Devido a um trauma antigo, os meus ouvidos
com tal misofonice vivem perseguidos
mas culpa ninguém tem, eu mesmo
há muitos anos ponho-me a tratar
e às vezes tento constatar se é a esmo
que realmente troca a letra o celular
(II)
porque sou revisor - e misoginia
sei que é um crime para quem o praticar:
cadeia dá ao que pratica e ao que ficar
indiferente a quem sofrer esta agonia.
Tive modelos masculinos na minha vida
muito misóginos, mas foi bênção a educação
com que minha mãe bem instruiu meu coração
para mulher nenhuma ser por mim desmerecida.
Minhas professoras também muito me ensinaram
sobre o valor das femininas almas que cuidaram
do meu caminho e me inspiraram a ser poeta.
E homens nobres me mostraram de igual jeito
que arrazoado não há de ser nenhum sujeito
que ao corretor der a tal gafe como certa.