Ao chegar no inferno de Dante
Aqui não há lugar pra poesia.
Aqui é só o poço lamacento,
Em que rancor e ódio têm acento,
Qual os micróbios na patologia.
Aqui o verso é posto ao relento,
Pra dar lugar às dores do degredo.
Aqui vagueia, junto com o medo,
A falta de pudor e de talento.
Aqui não há lugar pra um poeta
À margem da retórica abjeta,
Que grassa nas alcovas infernais.
Aqui, e só aqui, sou surdo e mudo,
E ainda assim, e mesmo, e contudo...
Vou ficar por aqui um pouco mais!