Coisa morta

De pálida pendia, ressequida,

Tornando ao chão num gesto de dar pena,

Aquela flor de outrora, tão serena,

Precocemente - em vão - fora colhida...

Penava cabisbaixa e já sem vida,

Servida ao bel prazer da mão terrena,

Surtia só de adorno em crua cena

Qual servirá de adubo a falecida...

Quisera eu carregá-la assim comigo

E ser, na adusta tarde, o seu amigo,

Por dó daquela pobre coisa morta...

Meus dedos estendi ao sol que ardia,

Mas apressou-se logo a ventania

E a flor não mais jazia em minha porta...

Daniel Guilherme de Freitas
Enviado por Daniel Guilherme de Freitas em 04/06/2023
Código do texto: T7805591
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