Coisa morta
De pálida pendia, ressequida,
Tornando ao chão num gesto de dar pena,
Aquela flor de outrora, tão serena,
Precocemente - em vão - fora colhida...
Penava cabisbaixa e já sem vida,
Servida ao bel prazer da mão terrena,
Surtia só de adorno em crua cena
Qual servirá de adubo a falecida...
Quisera eu carregá-la assim comigo
E ser, na adusta tarde, o seu amigo,
Por dó daquela pobre coisa morta...
Meus dedos estendi ao sol que ardia,
Mas apressou-se logo a ventania
E a flor não mais jazia em minha porta...