Quisera eu sangrar em outra língua
E tanto faz minha fala ou meu verso
ambos encontrarão o caos e a desordem
Tento dizer um mas só sai seu inverso
Tento calar antes que eles acordem
Mas antes que eu pronuncie a contraordem
Está assentado o dizer controverso
Destino certo é que todos discordem
escrito ou dito é um lembrete perverso
Queria sim amordaçar essa voz
Alto-mar, não olhar para trás na foz
Sem caneta ou papel, morrer à míngua
Se escrevo para ninguém compreender
E se falo e não me faço entender
Ora, quisera eu sangrar em outra língua