GRATIDÃO
Uma formiga anda pelas minhas pernas,
desbrava, com afinco, pêlos de floresta,
enquanto o sol, aos poucos, se manifesta,
arde no dorso da criatura hodierna.
Muito longe de ser figura superna,
a formiga tão frágil, para a qual não há sesta,
perscruta em busca de uma saída, fresta,
e, nunca mesmo a dita cuja hiberna!
É tão frágil, sem peso, que não a sinto!
Se disser que... (deverasmente minto!),
que sinto suas pernas nos meus pêlos.
E, por não ter mordido a minha pele,
minha atitude, nesse instante, a impele
a cuidá-la com todo meu desvelo!