Coração
Banguela; quase. Assim está seu coração.
Aos poucos, foram-lhe caindo os dentes.
Faltou-lhe de tudo, sobrou-lhe desatenção.
Restou algo? Nem desejos havia salientes.
Mas, afinal, qual era a dieta desse coração?
Nutria-se do que esse ser abatido, franzino?
Nada mastigava; estava relegado à inanição,
impedido de ver sobre si um olhar masculino.
Coração faminto não sacia fomes de outro.
Mendiga; contenta-se ao receber um olhar,
mesmo que não daquele que porta o cetro.
O coração faminto parece precisar navegar.
Seu trajeto é marcar a tristeza em seu rastro;
há muitos outros corações ainda por desolar.