Coração

Banguela; quase. Assim está seu coração.

Aos poucos, foram-lhe caindo os dentes.

Faltou-lhe de tudo, sobrou-lhe desatenção.

Restou algo? Nem desejos havia salientes.

Mas, afinal, qual era a dieta desse coração?

Nutria-se do que esse ser abatido, franzino?

Nada mastigava; estava relegado à inanição,

impedido de ver sobre si um olhar masculino.

Coração faminto não sacia fomes de outro.

Mendiga; contenta-se ao receber um olhar,

mesmo que não daquele que porta o cetro.

O coração faminto parece precisar navegar.

Seu trajeto é marcar a tristeza em seu rastro;

há muitos outros corações ainda por desolar.

René Henrique Götz Licht
Enviado por René Henrique Götz Licht em 16/05/2023
Código do texto: T7789593
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