TRILHA DE SONETOS CII - DIÁLOGO COM TOM JOBIM

🎵🎶 *A FELICIDADE* 🎵🎶

(Canção de Antonio Carlos Jobim e Luiz Bonfá)

Tristeza não tem fim

Felicidade sim

A felicidade é como a gota

De orvalho numa pétala de flor

Brilha tranquila

Depois de leve oscila

E cai como uma lágrima de amor

A felicidade do pobre parece

A grande ilusão do carnaval

A gente trabalha o ano inteiro

Por um momento de sonho

Pra fazer a fantasia

De rei ou de pirata ou jardineira

E tudo se acabar na quarta-feira

Tristeza não tem fim

Felicidade sim

A felicidade é como a pluma

Que o vento vai levando pelo ar

Voa tão leve

Mas tem a vida breve

Precisa que haja vento sem parar

Precisa que haja vento sem parar

Precisa que haja vento sem parar

Tristeza não tem fim

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*TRISTEZA*

Tristeza, já cantava Tom Jobim,

Faz ninho em nosso peito a vida inteira,

Toda felicidade é passageira,

Mas a tristeza nunca tem um fim.

Os risos, como tiros de festim,

Findam o carnaval na quarta-feira,

Despencam como pingos na goteira,

As nossas alegrias são assim.

Felicidade voa bem de leve,

Levada, como pluma, pelo vento,

Porém o vento tem a vida breve.

Felicidade cumpre o seu intento:

Para que o nosso brio não se eleve,

Faz da tristeza o seu maior fermento!

Luciano Dídimo

*HORIZONTE*

Nas vozes de Jobim, a tal tristeza

Está na aurora de uma maioria,

Por um painel de mágoa e de incerteza

Que chega, sempre, pela ventania.

Sob o clarão de nítida beleza

Que o sol, num breve instante de alegria,

Derrama sobre a humanidade acesa,

Some a desesperança tão sombria.

Por este ciclo, a força se renova

Num carrossel que põe a toda prova

As emoções voláteis da passagem.

O trigo da razão potencializa

A persistência no caminho à guisa

De concluir as fases da viagem.

Ricardo Camacho

*TRISTEZA X FELICIDADE*

Tristeza é duradoura, é dor sem fim,

é semelhante ao poço bem profundo,

cheio de entulhos, presos, lá no fundo,

contaminando... e tudo é tão ruim!

Felicidade é bala de festim:

anima e brevemente, num segundo,

desaparece e corre pelo mundo

e ocupa um novo espaço... bem assim!

Tristeza, enfim, qual vida num deserto:

sozinho, sem calor, caminho incerto...

feito um jardim, no outono... cai as flores!

Mas a felicidade, embora breve,

é sonho conquistado, é o que se escreve

em poesia o ensejo dos amores!

Aila Brito

*EFEMERIDADE…*

Por certo, nesta vida passageira,

os sentimentos brincam de gangorra:

se uma alegria toma a dianteira,

o topo não impede que, ora, morra.

E a lágrima, tão frágil escudeira,

ao amparar a dor, por mais que escorra,

também dará a vez à brincadeira

que livra o riso franco da masmorra.

E a vida segue o curso, em tobogã,

mudando a cor da noite e da manhã;

selando a sua transitoriedade…

Não conta com prodígios da memória,

que rompe o tempo e elege a sua glória,

fazendo de um segundo eternidade!

Elvira Drummond

*SOPRO DE ESPERANÇA*

Murcha a euforia como a cerejeira,

e é breve a floração da alacridade.

A viva exultação que nos invade

fenece cedo, à mágoa sorrateira.

Tristeza tem sabor de eternidade,

o amargo gosto de uma vida inteira;

mas a elegante flor de laranjeira

encanta, embora o espinho não agrade.

Flores e farpas, lágrimas e risos,

a vida tem segredos imprecisos,

entre começo e fim insiste e avança.

Se o vento leva a folha, traz o grão,

a origem das certezas que se vão...

O sonho muda ao sopro da esperança!

Geisa Alves

*O TAMANHO DA FELICIDADE*

Quando a tristeza chega, invade o peito,

o dia some, a escuridão se amplia,

a mente distorcida o mal recria,

a vida perde a graça... e não há jeito!

Mas se a felicidade vem, desvia

o tempo pesaroso, o preconceito...

Vê a melancolia sem efeito,

jogando em cima um balde de água fria.

Tristeza é sentimento forte, intenso,

enche as lacunas de um vazio imenso...

e deixa o coração adoecido.

Mas a felicidade, pequenina,

quando nos toca se agiganta e ensina

que o dia volta em luz, reconstruído!

Aila Brito

*FELIZ, POR OPÇÃO!*

Se a tal tristeza oscila no meu peito,

a enxoto, sei que existe finidade

em tudo nesta vida e, por direito,

a tempo, nos virá felicidade…

Eu hei de bem tirar algum proveito

até daquele gesto de maldade…

com males sei lidar, pois aproveito

o treino do perdão, da caridade…

Tristeza, meu querido Tom Jobim,

jamais se instalará com força em mim,

não manchará o azul, que tanto fiz

soar… na exuberante nota FÁ

(um tom tão zen, meu bom Luiz Bonfá)…

Há muito decidi que sou feliz!

Elvira Drummond

*CIRCUNSTÂNCIAS*

Os sinos invocando piedade

Badalam carregados de tristeza,

Lembrando ser a vida, com certeza,

Um átimo de vã felicidade.

O tempo da saudosa mocidade

Tragado pela impávida afoiteza

Dos jovens, um padrão da natureza,

Deles tirou a sua alacridade.

Assim, a folha, o vento, a chuva, a flor...

Exprimem alegria e treda dor;

Conforme as circunstâncias do momento.

O singular da vida vem do instante

No qual se enxerga o modo, conflitante,

Que rege as transições do sentimento.

José Rodrigues Filho

*JOGO ESPECULAR*

Tristeza, minha amiga, te bendigo

E digo a toda a gente que agradeço

Se te carrego desde o meu avesso

E fazes de minha alma o teu abrigo.

E a todos eu te louvo e assim prossigo,

Jamais eu te maldigo ou me aborreço

Pois tens, confesso, todo o meu apreço

Se tu me vens e andejas bem comigo.

Sabes por quê? Sem ti não saberia

O que é felicidade ou alegria

No jogo especular de meu viver.

Porque tu dás sentido ao meu sorriso,

Transformas meu inferno em paraíso

Acaso uma ventura eu venha a ter.

Edir Pina de Barros

*APRENDIZADO*

Ainda que a tristeza vinque o rosto

e moa o avesso, e apague o meu luar;

embora seja o sonho contraposto

e a minha noite ponha-se a chorar,

encontrarei, além do dia posto,

o que a tristura tem a me ensinar:

felicidade brilha em céu de agosto

e brilha mais, se sei o que é pesar.

Não chamo vã a dor que em mim prospera,

pois mostrará que após o frio e a morte,

a flor renasce ao sol da primavera.

Então, a tal tristeza, reconheço:

varrendo os ermos, como o vento norte,

fará saber, do gozo, o justo preço!

Geisa Alves

*OSCILAÇÕES...*

Em tempo algum, somente a luz, quem dera...

pois vem a provação sem um aviso,

vence a ledice e só me desespera,

espalha a decepção por onde piso.

Parece que findou a primavera,

a escuridão cobriu o paraíso;

o brio da tristeza agora impera,

mas no meu rosto ainda existe o riso.

Amo a alegria, mesmo passageira,

às vezes, escondida na neblina,

pois neste mundo o pranto predomina.

Chorar, sorrir, chorar... a vida inteira

será assim, destino sem mudança,

num renascer de dor e de esperança.

Janete Sales Dany

*AS ALTERNÂNCIAS DA VIDA*

O mundo pueril se contradiz,

Fugimos das tristezas por demais.

As coisas que nos são essenciais,

Às vezes, nos escapam por um triz.

As lágrimas escondem algo mais

Que muda toda a nossa diretriz.

Há tempo de ser triste e ser feliz,

As coisas se revelam por sinais.

As dores, muitas vezes, embelezam

Os ramos que se nutrem da videira,

acarreando em frutos que lhe entesam.

Em toda a nossa vida passageira,

Tristezas e alegrias se revezam

Até chegarmos à hora derradeira!

Luciano Dídimo

*O TOM DE JOBIM*

Os risos espontâneos da inocência

São belos, muito belos... bem verdade!

Porém somente são na tenra idade

Libertos de qualquer aborrecência.

Um ego aterrador, sem transparência,

Semeia nos humanos a vaidade,

E faz nascer tristezas, põe na grade

Os infelizes filhos da existência.

Essa verdade pura crio e canto:

Primeiro vem o riso e, logo o pranto,

A vida, bem sofrida, corre assim.

E os bardos usam pura poesia,

Mesclando letra com a melodia,

Igual criou o nosso "Tom Jobim".

Douglas Alfonso

*ARREPSIA*

Será que estou perdendo o meu elã...

Deixando-me levar sem resistência

Pelos caminhos dúbios da existência

Menosprezando o dia do amanhã?

E os anos sem tristeza, e mente sã,

Com sonhos permeados de opulência

Percorrem os caminhos da falência

Restando para mim quimera vã?!

Apego-me aos encantos da saudade:

Vestígios do que foi felicidade

Que o definhar do tempo busca o fim.

Levado, feito folha, pela brisa...

Eu penso na canção que imortaliza

A letra do poeta Tom Jobim.

José Rodrigues Filho

*BRILHO FUGAZ*

Exposto aos contratempos da jornada,

transformo todo riso em um luzeiro,

e, meu olhar, na lança do guerreiro

que deixa a negridão dilacerada.

Procuro ter firmeza na passada

porque conheço o afago passageiro

das emoções dulcífluas no roteiro,

ante à agonia, sempre assegurada.

Se o parco regozijo não me ilude,

entrego, na refrega, a plenitude

do peito, quando rasgo a trilha escura.

Importa mesmo, nesta lide insana,

é conservar, constante e soberana,

a flama intransponível da bravura.

Jerson Brito