1⁰ de maio
Seu Jurandir jamais pisou na escola.
Não foi daqueles... não quis ser doutor.
Criança, maior sonho era compor
o traje quando fosse jogar bola...
Aos doze, pés descalços... que rubor!
Com quinze primaveras, deita e rola.
Arranca e corta e estica e prega e cola,
de novo eis o calçado a se dispor...
O tempo caminhou, correu... em vão?!
Doutor não foi, mas quantas vezes cura
sandálias, alpercatas, botas, saltos!!
O ofício em prosseguir parou na mão
do velho sapateiro e sábio Jura.
Os calos e as pegadas voam altos.
Luciana Nobre