SONETO SEM LUA E SEM ESTRELAS
Um poste existe na minha calçada,
Cuja luz me impede de ver a Lua.
Aquela luz, a visão tumultua,
Torna a minha rua iluminada.
Das estrelas também não vejo nada,
Nem ouço, e meu pesar continua.
Sei que lá no alto a Lua flutua,
Linda, por outros olhos contemplada.
A Lua, que me dava inspiração,
Agora, fora de minha visão,
Trava meus versos já no nascedouro.
Mesmo sem as estrelas e sem Lua,
Teimosa, a poesia continua,
Embora como o zumbir d’um besouro.