NOITE D'ALMA
Vestida de noite minh'alma chora
Lágrimas perdidas em abandono;
E enaltecendo minha dor em um trono,
Faz-me rei da angústia que a dor devora.
Na noite d'alma não se tem boa hora;
Somente o revolver da solidão,
Esvaindo o pulsar do coração,
Atirando-o ao fogo sem demora.
Ó noite terrível de mil tormentos!
Por que me angustias com tanta dor?
Acaso mereço tais sofrimentos?
Dize-me tu, sombra dos desvalidos!
Dá-me o veredicto de teu furor;
Ponde-me logo entre os esquecidos.
(EDUARDO MARQUES, 27/04/23)