Nada falta
Não sinto falta de nada; não posso.
De nada não se pode sentir a falta
porque o nada, não é o não nosso?
A ausência das luzes, sem ribalta?
O que me falta, eu sabê-lo-ia amanhã,
porque hoje ocupo-me do que já tenho.
Preocupo-me nada com tal febre terçã;
há tempo deixei de acreditar no Lenho.
Qual é o sentido de se pensar no nada?
Onde aprendemos tamanha insensatez?
É despropósito como acreditar em fada.
Não contrario o gosto popular por timidez;
o tino salutar pede manter a língua calada
e conceder aos outros servir de estupidez.