Persistência da memória

(Ao amigo Miguel Santucci)

Contemos tanto eu quanto tu uma coleção

De palimpsestos no cérebro entulhados;

Velhos rolos de pergaminho guardados

Sob a constante, fiel supervisão

Da MEMÓRIA. Sua onerosa função

É adulterar tantos rolos já adulterados,

Sem se importar se seus conteúdos passados

Têm algum valor intrínseco ou não.

Quantas vezes algo urgente, crucial,

Eu ou tu preservar para sempre juramos

Apenas para esquecermos, afinal?

Ou (o que é mais triste) o quanto nos esforçamos

Para olvidar um pesar, um crasso mal

Com o qual até o final breath nos torturamos?

Galaktion Eshmakishvili
Enviado por Galaktion Eshmakishvili em 20/04/2023
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