Persistência da memória
(Ao amigo Miguel Santucci)
Contemos tanto eu quanto tu uma coleção
De palimpsestos no cérebro entulhados;
Velhos rolos de pergaminho guardados
Sob a constante, fiel supervisão
Da MEMÓRIA. Sua onerosa função
É adulterar tantos rolos já adulterados,
Sem se importar se seus conteúdos passados
Têm algum valor intrínseco ou não.
Quantas vezes algo urgente, crucial,
Eu ou tu preservar para sempre juramos
Apenas para esquecermos, afinal?
Ou (o que é mais triste) o quanto nos esforçamos
Para olvidar um pesar, um crasso mal
Com o qual até o final breath nos torturamos?