VIRGULANDO A SAUDADE...
Não tem corpo, nem cheiro ou barreiras,
Mas cruza, invade, rodeia e ou penetra,
Viaja veloz, sem destino ou fronteira,
E pesa, oprime e machuca, essa pedra.
Que na alma se reproduz tão ligeira,
Deixando-a do amor assim incrédula,
Em infinito estado de estátua de cera,
Que laços destrói e outros os anula.
É bicho feroz e sofrimento é sua gula,
É corda de nós e aos poucos estrangula,
Sufoca, amarga, empurra para a ladeira.
Mistura-se ao sangue que não coagula,
Com frases que a voz não mais “virgula”,
Sonegando a paz de forma vil e sorrateira.