OLHOS MENINOS

OLHOS MENINOS

Ver era tudo ser grande e confuso.

As pessoas, as coisas, a cidade…

Andava então co’os pés em liberdade:

Descalço pois moleque; pois cafuzo.

Lembro gírias d’antanho, hoje em desuso:

Mil tabuísmos ditos sem maldade!

Linguagem era, enfim, vivacidade

Quase sempre limítrofe do abuso.

Eu, sem saber de nada, tudo intuía.

E até minha noção de fantasia

Perscrutava por sombras de mistério.

Ver era tudo ser sem ser de facto.

De brincadeira, sonho ainda intacto

O gude que lancei para o Sidéreo!

Betim - 19 04 2023