Finitude
Murchou o primo amor, restou a infinitude
de um pensamento rude e um verso louco a expor
o caos assustador de amar o mais que pude
e a fresca juventude, em lágrimas, transpor.
O corpo, em desfavor, ainda lembra e alude
à lírica virtude e ao beijo sedutor,
mas morro ao pressupor que nada mais ilude
os sonhos amiúde eivados de langor.
Escureceu a aurora, a noite turva insiste,
e na alma sempre triste a prostração demora,
pois teima, neste agora, o instante em que partiste.
E sem lugar ou hora, amargamente impera
saudade feito fera a mastigar o outrora...
Murchou a flor de amora em plena primavera.
Soneto alexandrino com rimas internas.
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