Finitude

Murchou o primo amor, restou a infinitude

de um pensamento rude e um verso louco a expor

o caos assustador de amar o mais que pude

e a fresca juventude, em lágrimas, transpor.

 

O corpo, em desfavor, ainda lembra e alude

à lírica virtude e ao beijo sedutor,

mas morro ao pressupor que nada mais ilude

os sonhos amiúde eivados de langor.

 

Escureceu a aurora, a noite turva insiste,

e na alma sempre triste a prostração demora,

pois teima, neste agora, o instante em que partiste.

 

E sem lugar ou hora, amargamente impera

saudade feito fera a mastigar o outrora...

Murchou a flor de amora em plena primavera.

 

Soneto alexandrino com rimas internas.

 

Foto: Canva

 

Geisa Alves
Enviado por Geisa Alves em 19/04/2023
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