Introspecto
Que graça tem a vida em que se vive
Sempre a cismar, consigo, sem sucesso?...
Se já não prezo mais do amor confesso,
Se a senda sempre segue num declive?...
Que importa se me amaram, se o que tive
De fato foi amor, se foi excesso?...
São espinhos de fogo que atravesso,
Mas quem me vê só pensa: "Sobrevive!..."
E minh'alma que ofusca, quase extinta,
Manchada pela Dor - escura tinta -
Se recolhe no canto de meu ser...
Jaz quieta como um monge, que medita
Defronte a tábua lisa e manuscrita
No templo do Sonhar e do Esquecer...