Introspecto

Que graça tem a vida em que se vive

Sempre a cismar, consigo, sem sucesso?...

Se já não prezo mais do amor confesso,

Se a senda sempre segue num declive?...

Que importa se me amaram, se o que tive

De fato foi amor, se foi excesso?...

São espinhos de fogo que atravesso,

Mas quem me vê só pensa: "Sobrevive!..."

E minh'alma que ofusca, quase extinta,

Manchada pela Dor - escura tinta -

Se recolhe no canto de meu ser...

Jaz quieta como um monge, que medita

Defronte a tábua lisa e manuscrita

No templo do Sonhar e do Esquecer...

Daniel Guilherme de Freitas
Enviado por Daniel Guilherme de Freitas em 18/04/2023
Código do texto: T7766957
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