A Cantiga da Ribeirinha em soneto

"Cantiga da Ribeirinha" ou "Cantiga de Guarvaia", em português arcaico, escrita no século XIII pelo trovador português Paio Soares de Taveirós.

Muito me tarda, meu amigo,

per éu sem vós viv’ alongado;

e muito mi tarda, amigo,

per éu sem vós mui mal casado.

Muito me tarda, amigo,

per éu sem vós mi muito dói;

e muito mi tarda, amigo,

per éu sem vós de morte voi.

Muito me tarda, amigo,

per éu sem vós só sofro mal;

e muito mi tarda, amigo,

per éu sem vós mi torn’ ajoelhar.

Muito me tarda, amigo,

per éu sem vós vivo em pesar;

e muito mi tarda, amigo,

per éu sem vós no mundo andar.

Muito me tarda, amigo,

per éu sem vós non posso estar;

e muito mi tarda, amigo,

per éu sem vós vivo a penar.

Muito me tarda, amigo,

per éu sem vós mi quero matar;

e muito mi tarda, amigo,

per éu sem vós nulha coita sufrir.

Muito me tarda, amigo,

per éu sem vós no mundo viv’eu;

e muito mi tarda, amigo,

per éu sem vós vivo em pesar meu.

Em português contemporâneo:

Muito me custa, meu amigo,

eu viver longe de você;

e muito me custa, amigo,

eu estar tão mal casada sem você.

Muito me custa, amigo,

eu sentir tanta dor sem você;

e muito me custa, amigo,

eu ter que enfrentar a morte sem você.

Muito me custa, amigo,

eu só sofrer sem você;

e muito me custa, amigo,

eu me ajoelhar sem você.

Muito me custa, amigo,

eu viver em tristeza sem você;

e muito me custa, amigo,

eu andar pelo mundo sem você.

Muito me custa, amigo,

eu não conseguir viver sem você;

e muito me custa, amigo,

eu sofrer tanto por causa disso.

Muito me custa, amigo,

eu querer me matar sem você;

e muito me custa, amigo,

eu não suportar nenhuma dor sem você.

Muito me custa, amigo,

eu viver neste mundo sem você;

e muito me custa, amigo,

eu carregar a tristeza em meu coração sem você.

SONETO

Ah, como me dói a tua ausência, amor,

Viver sem ti é dor que nunca finda,

Minha alma geme e meu peito é ardor,

Sem ti, a vida é tristeza profunda.

Ah, como me dói a tua falta, amor,

E a saudade me devora o peito,

Mas guardo a chama da felicidade, ardor,

Pois sei que juntos realizaremos nosso feito.

Ah, como me dói não ter teu abrigo, amor,

O mundo perde o brilho, a cor, o sabor,

Mas sigo em frente, firme, com a dor,

Pois sei que contigo o amor é o maior valor.

E quando, enfim, a vida nos unir de novo,

Serão plenos o Amor e a Felicidade, renovo.

Kleber Versares e Paio Soarez de Taveiróz
Enviado por Kleber Versares em 17/04/2023
Reeditado em 17/04/2023
Código do texto: T7765898
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