O poeta morto
Leitor amigo: há muitos anos eu vivi,
Portanto se me estudas querendo aprender
Como fui – que fui – que podia vir a ser –
Advirto-o que disto tudo me esqueci.
Minha pátria? Ignoro. Meu nome? O perdi.
Como – que fui – que seria – não sei dizer.
Da casca da Carne, do invólucro do Ser
Antes mesmo de tu nasceres me despi.
Morto ao mundo, hoje é meu lar a Eternidade;
Livre de corpo, sentidos, coração,
Nada mais tenho a ver com a Humanidade.
Tornei-me, leitor amigo, abstração:
Existo alheio de tua realidade,
Fundido aos versos de minha Canção…