MATA-BORRÃO...

É certo que absorvi o que me destes,

Sem saber desta tinta a composição,

E ainda um pouco na pele me veste,

Mesmo sendo por simples borrão.

E quando secou o que então fizestes?

Além de ter a folha jogado ao chão...

Mostrou-me que a outros escreves,

Com a vil pena farta e sem hesitação.

Comigo as frágeis linhas todas em vão,

Que rimam secas, bordas em um bordão,

E que apenas assim tudo me adverte.

E te absorvo, essa tinta por inoculação,

Não te absolvo por essa tinta, traição,

Por saber que isso a ti apenas diverte.

Inaldo Santos
Enviado por Inaldo Santos em 12/04/2023
Código do texto: T7762203
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