MATA-BORRÃO...
É certo que absorvi o que me destes,
Sem saber desta tinta a composição,
E ainda um pouco na pele me veste,
Mesmo sendo por simples borrão.
E quando secou o que então fizestes?
Além de ter a folha jogado ao chão...
Mostrou-me que a outros escreves,
Com a vil pena farta e sem hesitação.
Comigo as frágeis linhas todas em vão,
Que rimam secas, bordas em um bordão,
E que apenas assim tudo me adverte.
E te absorvo, essa tinta por inoculação,
Não te absolvo por essa tinta, traição,
Por saber que isso a ti apenas diverte.