Tempestade
Já cogitei sonhar ser belo e puro,
Ser melhor, mais alegre e menos tenso.
Já repensei mil vezes e ainda penso
Em todas as feridas que não curo.
Confesso ser comigo muito duro,
De pesado pensar, de passo denso
Como o pó que do chão paira suspenso,
Como as confusas vozes de um murmuro.
Meu verso no papel é como o estrondo,
E é surdo no trovão feroz que escondo,
Da minha inspiração, que fere e corta...
E se não há no fundo o que me agrade,
Que eu seja pois então a tempestade
Que cai de madrugada em tua porta!...