Tempestade

Já cogitei sonhar ser belo e puro,

Ser melhor, mais alegre e menos tenso.

Já repensei mil vezes e ainda penso

Em todas as feridas que não curo.

Confesso ser comigo muito duro,

De pesado pensar, de passo denso

Como o pó que do chão paira suspenso,

Como as confusas vozes de um murmuro.

Meu verso no papel é como o estrondo,

E é surdo no trovão feroz que escondo,

Da minha inspiração, que fere e corta...

E se não há no fundo o que me agrade,

Que eu seja pois então a tempestade

Que cai de madrugada em tua porta!...

Daniel Guilherme de Freitas
Enviado por Daniel Guilherme de Freitas em 11/04/2023
Código do texto: T7761101
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