Beira Rio
O meu bairro se chama Solidão,
E só vou caminhando em pétreas vias...
Pelas noites chuvosas, sempre frias,
Com meus passos errando a direção...
É abril, e as praças dormem tão vazias...
Vejo um banco e me sento, sem razão...
Gotas de chuva turvam-me a visão;
Já visto a mesma roupa por três dias...
O mesmo campo, a mesma arquibancada,
A mesma quadra cinza e malcuidada,
As mesmas vira-latas, lá deitadas...
Por um minuto estranho, em devaneio,
Em meu olhar de lágrimas tão cheio,
Espelho nossa imagem de mãos dadas...