Renasce a mágoa sempre que repenso

sobre o desfecho imposto pela vida:

um dia, num instante muito tenso,

encontrarei as sombras da descida...

 

Eu imagino e logo perco o senso...

meus sonhos enterrados, sem saída,

somente encontrarão o breu intenso,

toda essa perspectiva me invalida!

 

Não posso tolerar o terrorismo

que anula os tempos idos num abismo,

esse pavor me arrasa por inteiro.

 

Jamais aceito o adeus ao meu passado

que, num porvir, será concretizado

pelas mãos calejadas de um coveiro...

 

Janete Sales

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CONTESTAÇÃO

Soneto

 inspirado no Soneto:

"Não enterres, coveiro, o meu Passado,"

(Tempos idos - AUGUSTO DOS ANJOS)

ATIVIDADE ABRASSO

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Academia Brasileira de Sonetistas

Compor um soneto decassílabo sáfico 

ou heroico desenvolvido a partir 

de uma obra de autoria do seu patrono. 

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(Tempos idos - AUGUSTO DOS ANJOS)

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Não enterres, coveiro, o meu Passado,

Tem pena dessas cinzas que ficaram;

Eu vivo dessas crenças que passaram,

E quero sempre tê-las ao meu lado!

 

Não, não quero o meu sonho sepultado

No cemitério da Desilusão,

Que não se enterra assim sem compaixão

Os escombros benditos de um Passado!

 

Ai! não me arranques d’alma este conforto!

– Quero abraçar o meu passado morto

– Dizer adeus aos sonhos meus perdidos!

 

Deixa ao menos que eu suba à Eternidade

Velado pelo círio da Saudade,

Ao dobre funeral dos tempos idos!

Janete Sales Dany
Enviado por Janete Sales Dany em 07/04/2023
Código do texto: T7758404
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