SONETO ESTOICISTA
A eletricidade está em tudo,
Da geladeira ao ferro de engomar,
Mas é muito insolente, contudo,
Roubou nosso prazer de assoprar.
Quanto mais a uso, menos me iludo.
Sinto falta do carvão a queimar
E da cinza que cai quando sacudo,
Mesmo se a roupa tem que relavar.
Eletricidade é boa pra tudo,
Mas não precisava exagerar,
Se não faço nada fico pançudo.
Se vem a preguiça se assenhorar,
Eu abandono o trabalho e o estudo,
E armo uma rede pra me deitar.