A SONDA
“...and to preserve and cherish the pale blue dot, the only home we've ever know.” Carl Sagan
No universo lilás sempiterno e noturno
Trabalhando convicta e científica, a sonda
Fotografa e registra em maneira hedionda
Os anéis de metais, caracóis de Saturno...
Esticando-se igual ofensiva anaconda,
E negando-se a ponto azulado e sonurno,
Desenrola Cassini insolente no turno
A bandeira estrelada, a de América em ronda...
Coloniza o planeta, investiga o planeta,
As camadas até que capture-o, que ataque-o
Nas amostras que tira e revela à Gazeta...
De repente, na luz elegante dos astros,
Um nativo arruinando o navio terráqueo,
Dos humano apaga a qualquer um dos rastros.
NOTAS:
1. Texto de 2022
2. Metro adotado: tetrâmetro anapéstico (cesuras: 3a, 6a, 9a e 12a);
3. Texto integrante da Antologia PulpVersos (poesia sobre ficção científica), organizada por Jaime de Andruart. Disponível em https://pulpversos.carrd.co/