Animalismo
Meu coração tem galerias rotas,
Templos de fel dos quais enxofre emana,
Onde um coro de danação profana
Canta a vergonha mor das bancarrotas.
Na cúpula desta capela insana
Escorre a bílis, incontáveis gotas
Para irrigar recordações escrotas
E envenenar semana após semana;
Mas, como os visigodos ancestrais,
Estraçalhei aos punhos os vitrais
Dos templos que arrepiam-me os cabelos.
Despindo-me dos vícios da lamúria,
Triunfante, então, uivei a minha fúria
E destruí meus próprios pesadelos.