Saudade engomada
O ferro de engomar (carvão em brasa)
A passear no linho, ia e vinha...
Pelo cós, pela gola e bainha...
Rodeando o botão, fora da casa.
Minha mãe a rezar a ladainha,
Encostada na tábua de engomar,
Soprava o fero em brasa, a fumaçar...
Como se a boca fosse ventoinha.
A camisa de linho-de-algodão,
Vestiu minha primeira cumhão
E a do irmão mais novo do que eu.
Não há mais ferro à brasa hoje em dia!
Só me resta o calor da poesia,
E a saudade que o tempo esmaeceu.