A flor de Narciso
Eu sou um colibri apaixonado
Por uma flor incasta e sem perfume.
Uma florzinha tola que presume,
Que deus foi seu primeiro namorado.
E que as borboletas têm ciúme
Das pétalas que ornam seu carpelo.
Que, perto dela, o sol é tão sigelo,
Que até parece um simples vagalume.
Eu fui um colibri enamorado
Por uma flor que jaz no meu passado,
E que me pôs, na vida, de joelho.
Uma flor que queria ser Narciso,
Que fez do meu jardim seu paraíso,
E do meu coração, o seu espelho.