Meu barco parece estar sempre à margem
Tão negros e de perto tão castanhos
E pode um amor tão mal remunerado
com tantas perdas e tão poucos ganhos
cala o coração, sentir ponderado
Paro num estacar não deliberado
Perplexo, complexos tamanhos
Resultante de algo degenerado
Dentro de mim há uma horda de estranhos
Os espelhos, em nenhum reconheço
o que queria que fosse minha imagem
Cego? Nem mesmo sei do que padeço
Sobra-me covardia e falta coragem
Tomar o rio que leva ao meu endereço
meu barco parece estar sempre à margem