Soneto para não sei o quê

Já não sei mais se tenho inspiração,

Ou simplesmente escrevo por costume!

Às vezes me transformo em vaga-lume,

Às vezes sou o lume, em profusão.

 

Às vezes sou um barco sem timão;

Às vezes um timão sem timoneiro;

Às vezes sou eu mesmo, por inteiro;

Às vezes sou a minha imitação.

 

Já não sei se encontro a poesia!

Já não sei se eu sinto o que sentia,

Quando a inspiração chegou ao fim.

 

Já não sei se eu sei porquê e como,

Eu roubei de Adão o belo pomo,

Do Soneto que Eva fez pra mim.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 31/03/2023
Código do texto: T7753313
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