"A mesma história tantas vezes lida,"
aos poucos, enevoa o meu destino...
como esquecer a nossa despedida
que sobressai em tudo que maquino?
Assim que te perdi, perdi a vida,
ganhei a solidão, fiquei sem tino,
agora estou num beco sem saída,
pois todo olhar que vejo, eu te imagino!
Cansei de te esperar de madrugada,
dentro da nossa casa abandonada,
recanto em que a saudade só me enlaça!
Não há surpresas, sim, eu pressuponho,
distante está o amor, o nosso sonho,
“tudo no mundo é frágil, tudo passa...”
Janete Sales Dany
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Atividade
FÓRUM DO SONETO
TRILHA DE SONETOS XCVII
- "FANATISMO",
DE FLORBELA ESPANCA
A mesma história tantas vezes lida!...
Tudo no mundo é frágil, tudo passa...
FANATISMO
Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver.
Não és sequer razão do meu viver
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No mist'rioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!...
"Tudo no mundo é frágil, tudo passa...
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!..."
Florbela Espanca,
in "Livro de Sóror Saudade"