ELOQUÊNCIA
ELOQUÊNCIA
Espevitasse o poeta a sua verve,
Como se um fogo dentro se lhe ardendo,
Ver-se-ia das palavras o estupendo
Fulgor que, embora belo, a nada serve.
De facto, à sua voz o sangue ferve
Onde sons harmoniosos envolvendo
O amplo significado sem adendo,
‘Inda que intenção poética conserve.
Pois, aos olhos do poeta letras d’ouro
Reluzem belamente no tesouro
Do vernáculo lírico que o inspira.
Escreve pelo amor de lhes dar sons
Que ecoem nas tribunas por seus dons,
Fazendo sentir como ele sentira.
Betim - 28 03 2023