EQUIDISTANTES...
Quando os lábios se juntam ofegantes,
E das mãos não se tem mais o controle,
Somos só imãs em polos equidistantes,
Pertos apena do imante desejo e cores.
Corpos sem divisa, leves, e flutuantes,
Somos jardim, pólen, respingo e flores,
Sem pausa, sem pressa, mas delirante,
Sem causas, medos, espinhos ou dores.
Na relativa existência de puros instantes,
Num corte de espaço, tempo e gritantes,
No qual o silêncio é dom, ouro e rubores.
E "fim" é a palavras mais que apavorante,
E embora não ecoe, ou ímã desmanche,
Cobrará o cansaço, a alegria e pudores.