Perco-me
Quando estou a escrever,
escapa-me tudo: o tempo,
a fome, a vontade de o ver;
as memórias, leva o vento.
Intensa é a pressão de dentro
para nada fazer que escrever.
Dispõe-se este ato no centro;
nem conseguiria me esconder.
Na torrente, não largo a pena;
o embate foi lançado na arena.
Dispenso as hóstias na patena.
Perco-me em tudo! E de todo
distancio-me daquele engodo
e dos que chafurdam no lodo.